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O clima pesou após o jogo entre Botafogo e Sousa pelas semifinais do Campeonato Paraibano no estádio Almeidão. Jornalistas da CBN relataram que foram intimidados e agredidos por dirigentes do Botafogo-PB.

O jornalista Fábio Hermano relatou que foi abordado pelo empresário Breno Morais por conta de um comentário técnico sobre o lateral esquerdo Léo Campos. Para Hermano, a escalação do atleta seria arriscada para o time no jogo de hoje. O Botafogo venceu por 1 a 0.

– Breno Morais, quem de fato manda no Botafogo, começou a me questionar sobre um comentário que eu fiz antes do jogo. O comentário era que Léo Campos seria arriscado pelo lado forte do Treze (quis dizer Sousa), um comentário simplesmente técnico, ele falou que os meus comentários atrapalhavam ambiente, que eu era mentiroso, me xingou de vários nomes, aí chegou seguranças tomando meu microfone, desligando… lamentável – afirmou Fábio Hermano.

Ainda segundo Hermano, ele foi proibido de entrar na Maravilha do Contorno, sede do Botafogo-PB, e de reportar as entrevistas coletivas do clube.

– Tiveram pessoas que quiseram me agredir, não sei quem era, se era o filho do Breno, o Afonso Guedes (vice-presidente de futebol do Botafogo-PB) quis me agredir, lamentável essa atitude do Botafogo, lamento muito pelo Alexandre (Cavalcanti, presidente do Botafogo-PB), que é um cara sério, mas está cercado de acéfalos, pessoas ignorantes – prosseguiu.

Nas redes sociais, o jornalista Pedro Alves, do globoesporte.com, também relatou agressão sofrida por Breno Morais. Alves escreveu que o empresário se considera “dono do Botafogo-PB e do estádio Almeidão”. O Almeidão é de proriedade do Governo do Estado da Paraíba.

– Registrar que hoje fui agredido verbalmente, no meu espaço de trabalho, nas cabines do Almeidão, por Breno Morais, que acha que é dono do Botafogo-PB e do Almeidão. Infelizmente Breno acha que as coisas se resolvem no grito e na grana. E comigo isso não funciona – disse Pedro.

Pedro Alves lembrou que Breno Morais é alvo de investigação do Ministério Público da Paraíba no âmbito da Operação Cartola, que mirou em 2018 um esquema de manipulação de resultados e outros crimes no futebol paraibano.

– Eu não vou parar com minhas análises e com meu olhar sobre o que penso sobre jornalismo esportivo. Imagino que seja muito difícil ser colocado na mídia como investigado, como réu de processo sobre corrupção. Mas não sou escritor de ficção. Escrevo e analiso a realidade – completou Pedro.

APBCE tomará medidas jurídicas e acionará até o STDJ

Por meio de nota oficial, Elialdo Silva, presidente da Associação Paraibana de Cronistas Esportivos (APBCE), e narrador da Rádio POP FM, um dos alvos da fúria dos dirigentes do Belo, anunciou as medidas que serão tomadas a respeito da situação.

Entre elas, está o acionamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva para que as medidas impostas à Breno Morais, banido do futebol por envolvimento da Operação Cartola, sejam cumpridas.

Confira o comunicado:

A APBCE vem a público repudiar a violência contra os jornalistas Fábio Hermano e Pedro Alves da CBN, e Elialdo Silva da POP, que no exercício de suas funções – durante a partida Botafogo e Sousa, foram agredidos em um evidente atentado à liberdade de imprensa.

A APBCE acredita que casos como esse representam um ataque frontal às leis, visto que um dos agressores foi banido do esporte pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva e continua promovendo transgressões.

A APBCE estende a sua solidariedade às equipes da CBN e da POP e a todos os profissionais de imprensa, por acreditar que quando um agente de comunicação é agredido, todos são atingidos.

O presidente da instituição afirma que já tem recebido o apoio de outras entidades de representação da categoria em nível nacional e local, a exemplo da Associação de Cronistas Esportivos do Brasil (ACEB) e da Associação Paraibana de Imprensa (API).

Por fim, o presidente Elialdo Silva assegura às seguintes providências:

1) Disponibilização de dois advogados do departamento jurídico da APBCE para acompanhamento dos profissionais na delegacia, onde deve ser incialmente registrado os casos.

2) Por meio de ofício, cobrar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) o fiel cumprimento do banimento dos alvos da Operação Cartola.

3) A presidência da APBCE vai acionar à Comissão Permanente de Prevenção e Combate à Violência nos Estádios, coordenada pelo Ministério Público da Paraíba, para uma urgente reformulação do Guia de Procedimentos Operacionais para Segurança em Eventos de Futebol na Paraíba.

4) Convocar a Federação Paraibana de Futebol (FPF), a Secretaria de Esportes do Estado e os Clubes para discutir o fiel cumprimento de espaços exclusivos para imprensa.

5) A APBCE ainda vai intensificar o trabalho da equipe de fiscalização das prerrogativas dos cronistas nos estádios.

Por fim, a APBCE conclama a todos e todas a fortalecerem a democracia, que perpassa pela luta em defesa do livre-pensar.

Elialdo Witomark da Silva

Presidente da APBCE