O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores – PT aprovou uma Resolução nesta quinta-feira (24) que viabiliza a realização de alianças com partidos de centro. O objetivo é fortalecer a pré-candidatura de Luis Inácio Lula da Silva à presidência da República, sobretudo nos estados do Nordeste, onde há uma tendência maior de aliança entre PT e MDB, partido considerado de centro.
A decisão da Executiva Nacional do PT indicou que o partido deve, portanto, priorizar estas alianças. Na Paraíba, esta realidade está consolidada com a união do PT de Lula e o MDB, do pré-candidato a governador Veneziano Vital do Rêgo, já anunciado em solenidade que contou com os expoentes dos dois partidos, após conversações que envolveram o próprio Lula e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
A Resolução desta quinta afirma que o PT seguirá “com o objetivo de fortalecer a estratégia nacional de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo e recolocar nosso país no rumo de sua reconstrução e transformação em favor da vida do povo”, construindo “um amplo movimento que acumule forças, agrupe os segmentos democráticos e viabilize, em torno do nome de Lula, a resposta do povo brasileiro a este momento histórico”.
Diz ainda que o PT esteve, nos últimos meses, “dedicado a construir a unidade que conduzirá à vitória deste projeto nas eleições de 2022” e que “não medirá esforços para agrupar e expandir as alianças que pavimentam este campo, sabendo compor em uma mesma tática nacional a pluralidade de movimentos e candidaturas que porventura existam nos estados”, considerando alianças com partidos de centro, a exemplo do MDB, “imprescindíveis neste movimento político que estamos construindo”. E conclui: “Quem outrora não esteve conosco é mais do que bem-vindo a participar deste movimento que devolverá a cadeira de presidente da República ao povo brasileiro”.
Veja, abaixo, a resolução, na íntegra:
Dois anos depois do início da pandemia da Covid-19 e pouco mais de três de governo Bolsonaro, o Brasil e o povo brasileiro se encontram em estado grave. As condições de vida pioram cada vez mais, em consequência da política econômica que priorizou, desde o primeiro dia de governo, o lucro de alguns acima do bem-estar da maioria.
O exemplo mais recente dessa política perversa é a alta no preço dos combustíveis e do gás de cozinha, que só beneficia os importadores de combustíveis e acionistas da Petrobrás, na maioria estrangeiros, e sacrifica o país e a imensa maioria da população. Nestes três anos a cesta básica encareceu 28% enquanto o salário-mínimo teve apenas 2% de reajuste, descontada a inflação do período. Os trabalhadores brasileiros pagam cada vez mais para comer cada vez menos.
A carestia e a fome voltaram a se impor para parte significativa do povo, aumentando a insegurança alimentar e a vulnerabilidade da população, que ainda enfrenta a maior crise sanitária das últimas décadas. A política econômica neoliberal consorciada com a ascensão da extrema direita ao governo federal atuou de modo a fazer que os efeitos da crise econômica, social, climática e sanitária encontrassem o povo brasileiro desprotegido, desassistido e desalentado.
O custo desta política, em vidas, já ultrapassa 650 mil vítimas pela Covid, e mais um sem-número de vítimas da fome, da miséria e da violência. O desemprego, a redução dos direitos dos trabalhadores, o aprofundamento das desigualdades, o endividamento das pessoas, o recrudescimento da pobreza e os desastres ambientais, como enchentes e secas, têm consequências ainda mais graves na vida da população negra, feminina e jovem, a base demográfica de nossa sociedade. Da mesma forma como a possibilidade de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é mais que o dobro dos brancos, a incidência de óbitos por Covid-19 chegou a ser duas vezes maior entre os brasileiros negros.
Oprimida pelo custo de vida, pela pandemia e pela violência, a maioria do povo brasileiro só encontra esperança no fim do governo Bolsonaro e na volta de Lula à presidência da República.
O Partido dos Trabalhadores, em conjunto com as frentes, os movimentos sociais e os partidos políticos do campo democrático, seguirá dedicado à luta social, cultural e eleitoral – nas ruas e na institucionalidade – com o objetivo de fortalecer a estratégia nacional de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, e recolocar nosso país no rumo de sua reconstrução e transformação em favor da vida do povo. Constituiremos um amplo movimento que acumule forças, agrupe os segmentos democráticos e viabilize, em torno do nome de Lula, a resposta do povo brasileiro a este momento histórico.
Não subestimamos as forças do neofascismo. Será preciso muita mobilização para vencer a ultradireita. Nosso envolvimento na criação dos Comitês Populares de Luta será fundamental para esse processo. Seremos milhões nas redes e nas ruas fortalecendo nossa organização nos territórios, acompanhada de formação política. Construiremos um programa de reconstrução e transformação do Brasil com reformas estruturais, fortalecendo o campo democrático-popular.
A ampliação deste movimento, como a esquerda brasileira já soube fazer em outros momentos, deve vir acompanhada de um potente programa de transformações que responda emergencialmente às urgências do povo e aponte o caminho para a retomada do desenvolvimento articulado à distribuição de riquezas, à redução das desigualdades, à transição ecológica e à soberania. Construiremos uma democracia inclusiva que rompa a iníqua concentração de renda e riqueza e possa abrir caminho para a inclusão de milhões de brasileiros e sua ampla diversidade, ampliando a participação de negras e negros, da juventude, das mulheres e dos segmentos LGBTQI+ na vida política nacional em sua transversalidade.
Saudamos a luta dos povos indígenas e continuaremos com nosso compromisso de defender suas terras, ampliar as demarcações e instituir políticas públicas de respeito e proteção a esses povos tradicionais, que indicam um modo de vida diferente do hegemônico, com lições para um projeto de desenvolvimento com sustentabilidade.
Fortaleceremos a luta por direitos individuais e coletivos. As lutas das mulheres, contra o racismo e de enfrentamento à discriminação LGBT são centrais para nosso projeto de sociedade. O grande número de jovens, mulheres, negros e negras, LGBTs eleitas em 2020 evidencia uma necessidade: diversificar a representação da classe trabalhadora.
No Bicentenário da Independência, o povo brasileiro segue mostrando que a esperança de uma nação livre, soberana e para todos se transformará em realidade apenas se for obra de nossas próprias mãos.
Em um mundo que se encontra numa crise multifacética e grave, onde a guerra vem substituindo as soluções diplomáticas e o diálogo, onde a crise econômica e social se aprofunda com fome, morte e desalento, a eleição de Lula Presidente trará uma esperança da reconstrução não apenas de um país melhor. Junto com países e povos da América latina e Caribe como Chile, Honduras, Argentina, Mexico, Peru e Bolívia, que souberam derrotar eleitoralmente e seguem enfrentando a partir do governo a extrema direita e forças neoliberais, o Brasil sob a liderança democrática e voltado ao social de Lula contribuirá para a reconstrução de um novo mundo, de paz, solidariedade, cooperação e justiça social.
Diante desta convicção, o PT esteve nos últimos meses dedicado a construir a unidade que conduzirá à vitória deste projeto nas eleições de 2022.
As convergências existentes entre os partidos de esquerda, progressistas e democráticos devem resultar na constituição de uma federação partidária em que nós, o PCdoB e o PV façamos parte. Esta federação apresentará ao Brasil o nome de Lula para liderar a oposição a Bolsonaro, consolidará a coligação com o Partido Socialista Brasileiro, bem como com a federação PSOL-Rede, cuja criação saudamos. Ainda seguiremos dialogando com os outros partidos de oposição ao governo Bolsonaro no sentido da ampliação do campo de apoio à candidatura de Lula.
Todas e todos que decidirem pelo enfrentamento a Bolsonaro como prioridade política dos próximos meses terão no PT um aliado para aquela que será a eleição mais importante que já enfrentamos. Conclamamos a unidade dos setores democráticos ao redor não apenas de uma candidatura à presidência da República, mas também de um movimento político e social que derrote o neoliberalismo, Bolsonaro e o bolsonarismo, aquele que é o principal vírus em circulação na política brasileira desde 2018, para construir um país soberano, justo, democrático e com sustentabilidade.
Para derrotar o bolsonarismo é preciso dar uma resposta de unidade da sociedade brasileira. Uma unidade que tem seu conteúdo baseado no enfrentamento ao ódio, às desigualdades, à política genocida e à depredação ambiental de um governo que, em três anos, só promoveu destruição e retrocessos.
O PT não medirá esforços para agrupar e expandir as alianças que pavimentam este campo, sabendo compor em uma mesma tática nacional a pluralidade de movimentos e candidaturas que porventura existam nos estados, sem que isto faça enfraquecer o principal objetivo desta eleição. Da mesma forma como ninguém conhece mais do que Lula as aflições do povo brasileiro, também é nele que reside o potencial de unidade nacional contra Bolsonaro.
A candidatura de Lula deverá trazer, já na composição da chapa de presidente e vice-presidente, a ampliação e a unidade que se espera das forças de oposição ao governo nesta quadra da história, respeitando os compromissos programáticos antineoliberais. Esta ampliação será resultado da luta social travada nos últimos anos nas ruas, nos governos progressistas e no parlamento, no calendário de lutas dos movimentos sociais e na denúncia internacional. Faremos, a partir de um núcleo democrático-popular, a incorporação de setores e segmentos que serão imprescindíveis neste movimento político que estamos construindo. Quem outrora não esteve conosco é mais do que bem-vindo a participar deste movimento que devolverá a cadeira de presidente da República ao povo brasileiro.
É grande a expectativa de nossa sociedade – achatada na luta pela sobrevivência – com o que pode significar a derrota de Bolsonaro. Derrotá-lo significará a realização de um governo de caráter antineoliberal, popular e democrático que tenha a vida do povo em primeiro lugar, com a reindustrialização, o fortalecimento do SUS e o investimento em educação como ações motrizes do desenvolvimento econômico e social. Um governo que promova a reconstrução de uma política de Ciência, Tecnologia e Inovação e o país como potência ambiental, que aproveite sua biodiversidade e abundância de energias renováveis como oportunidades de geração de emprego e renda. Essa transição ecológica terá o potencial de minimizar a crise climática, melhorando a condição de vida no campo e nas cidades, além de outras medidas previstas no Plano de Reconstrução e Transformação aprovado pela Direção Nacional do PT.
O Brasil de 2023 será aquele que cresce gerando renda e emprego digno, projetando sonho e futuro a nossa juventude, alinhado com a agenda ambiental e de enfrentamento às desigualdades estruturais.
Enfrentaremos grandes batalhas em defesa do povo brasileiro, da nossa soberania, pelo fim da fome, da miséria e por mais direitos para todos, mas principalmente para aqueles que foram historicamente privados deles!
Com Lula, o Brasil tem a esperança de voltar a ser feliz!
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.
24 de março de 2022.
Da Redação