O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ampliou a articulação com o PSB na véspera de sua desfiliação do PSDB. Ele se reuniu na última terça-feira (14) com o presidente do PSB-SP, Márcio França, e com o deputado estadual Caio França, na sede do diretório paulista da legenda.
França é um dos principais articuladores da operação para que Alckmin seja vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. No encontro, porém, Alckmin negociou com ambos a filiação de um dos seus principais aliados no estado, Elissandro Lindoso, conhecido como Dr. Lindoso, candidato derrotado do Republicanos a prefeito de Osasco.
Alckmin também sinalizou que se encontrará com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ainda neste mês. O encontro estava previsto para ocorrer nesta semana em Brasília, mas, como Siqueira irá a São Paulo, ambos irão se reunir na capital paulista, provavelmente na semana que vem.
Os dois gestos — a operação política para atrair um aliado ao partido e a confirmação do encontro com o presidente nacional da legenda — foram considerados sinais de que ele tende a migrar para a sigla.
Em outra frente, o PT, cujo comando vê com bons olhos uma aliança com Alckmin, realiza nesta quinta-feira (16) uma reunião do seu diretório nacional para debater dois assuntos diretamente relacionados ao ex-governador paulista. Um deles, o mapeamento dos palanques estaduais de 2022.
A ideia do PSB é que Alckmin se filie ao partido, seja vice de Lula e que o PT apoie seu nome para governador de São Paulo. Essa possibilidade estará no mapeamento, apesar da resistência da maior parte do partido, que defende a candidatura de Fernando Haddad ao Palácio dos Bandeirantes.
O outro assunto é diretamente correlato a esse: a formação de uma frente partidária do PT com PSB, PCdoB, PV, PSOL e Rede. Inovação para as eleições de 2022, a frente é na prática uma coligação para a eleição que transcende ao período eleitoral se a chapa sair vitoriosa.
Para sua efetivação, porém, é necessária, entre outros pontos, uma série de acordos regionais dos quais São Paulo, pela engenharia que vem sendo montada nas conversas entre PT e PSB, é parte fundamental.
Saída de Alckmin do PSDB teve ida pessoal a diretório e conversa com FHC e Jereissati
Alckmin foi pessoalmente à sessão do PSDB à qual é filiado e entregou uma carta comunicando sua saída do partido, que ocorre em meio a um conflito com João Doria. O governador paulista foi lançado na política por meio de Alckmin, que se sentiu abandonado em 2018. Quando Doria sinalizou vontade de ser o candidato tucano à Presidência, Alckmin se sentiu traído.
O ex-governador sempre cita seu pai, que é uma pessoa que ele reverencia, que o influenciou muito na política. Ele relaciona seu pai a lealdade, algo que ele considera ter faltado no PSDB.
Segundo a CNN, após entregar sua carta, Geraldo Alckmin ligou para amigos e também para Bruno Araújo, presidente do partido. Araújo disse que ainda não recebeu a carta formalmente, mas que recebeu um telefonema.
“Eu agradeci os tempos, as décadas de serviço prestado ao partido, e agradeci também a relação respeitosa que ele sempre teve com o PSDB. Foi uma conversa de muito respeito”, disse.
Alckmin também conversou com Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati, o senador que se notabilizou por apoiá-lo em momentos mais graves.
CNN