A adolescente de 15 anos, suspeita de tentar assassinar o filho de quatro anos com uma caneta transfixada na garganta e fios enrolados no pescoço, confessou o crime e informou que a criança foi gerada a partir de um estupro cometido por seu padrasto quando ela tinha 11 anos de idade.
Emocionada, a promotora Ivete Arruda, afirmou que a adolescente já vinha envolvida em um ambiente de abusos com uso de drogas por parte dos familiares. O padrasto que foi acusado de estupro foi preso. À época, a adolescente tentou esconder a gestação e quando foi descoberto já estava próxima de dar a luz.
“A adolescente foi ouvida e depois de toda conversa e preparação ela confessou que tinha colocado um fio no pescoço do filho e usado uma caneta, pois, segundo ela, quando olhou para a cama e viu a criança, lhe veio à mente tudo o que tinha passado aos 11 anos e as cenas de estupro. Naquele momento pela dor que ela sentiu, foi uma coisa tão grande e inexplicável que a única coisa que ela queria era acabar com aquela dor. Para ela, acabando com a vida do filho talvez acabasse a dor dela. Ela confessou entre lágrimas e a narrativa de que amava o filho, mas não sabia definir ao certo, pois durante a oitiva ela também fala do ódio que sentia por ter sido abandonada pela mãe, estuprada pelo padrasto e as ameaças que sofreu”, disse a promotora.
Com lágrimas nos olhos, a promotora afirmou ainda que a oitiva foi “muito cheia de emoção e de verdade”. “Ela confessou e repassou o que sentia antes e depois. Também se diz arrependida e queria o filho de volta, mas nesse momento é praticamente impossível representarmos contra ela. A garota deve ser assistida e acompanhada por psiquiatra. Ela não tem condições de ser mantida apenas com assistente social”, completou.
A adolescente já foi representada pela intervenção definitiva, se assim entender o magistrado. “Ela vai cumprir medida socioeducativa no Rita Gadelha, o tempo máximo são três anos, e esperamos que durante esse tempo ela possa ser assistida, acompanhada e cuidada para ter uma vida transformada. Esperamos que isso aconteça e a criança esperamos que ela se restabeleça e encontre uma família para protegê-la, que ela não teve até hoje”, disse.
Já o juiz Adhailton Lacet Correia Porto, da 1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de João Pessoa, informou que a criança será encaminhada para alguma instituição do estado ou outra e apelou que a sociedade, de modo geral, não faça pré-julgamentos com relação à mãe. “Ela já vem de um histórico de violência muito grande, foi vítima de estupro no passado, que resultou em gravidez indesejada e não foi permitido o aborto devido ao avançado estado gestacional. Ela também precisa de acompanhamento específico e proteção do Poder Público”, acrescentou.
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