Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nessa segunda-feira (27), o ex-presidente Michel Temer (MDB) disse que, a preço de hoje, não seria conveniente para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se candidatar para as eleições do próximo ano. Temer disse também que seria “inconveniente” um impeachment de Bolsonaro e que o presidente perdeu a oportunidade de ser um “herói” na pandemia da Covid-19.
Perguntado se aconselhou Bolsonaro a não se candidatar no próximo ano, Temer negou, dizendo que não tem intimidade para fazer esse tipo de comentário. Mas disse que, se fosse amigo íntimo de Bolsonaro, faria uma análise política e diria para o presidente que talvez não fosse conveniente se candidatar.
“Em uma entrevista recente ele disse até que não poderia candidatar-se. Isso é uma decisão dele e imagine se eu vou me atrever a dizer ‘olhe, não se candidate’. Eu não tenho intimidade com ele para isso. Se fosse um amigo, uma pessoa muito próxima a mim, eu faria uma análise política e diria ‘olha, não convém candidatar’. Mas com ele não tenho intimidade. Seria uma ousadia dizer ‘não se candidate’”, falou.
Em outro momento da entrevista, o ex-presidente Temer disse que não há motivos que justifiquem um possível impeachment de Bolsonaro. Para ele, o processo é “traumático” e “pegou moda no Brasil”.
“Se você me perguntasse um ano atrás, talvez eu dissesse ‘olha, talvez fosse o caso de começar um impedimento’. Neste momento, eu acho um pouco inconveniente”, disse.
Temer avaliou ainda que o presidente Bolsonaro perdeu uma oportunidade de se tornar um “herói” durante a pandemia do novo coronavírus.
“Eu acho que o presidente Bolsonaro perdeu uma oportunidade extraordinária, até para sua eventual reeleição. Se, ao começo da pandemia, ele tivesse assumido, centralizado, como deveria ter feito, o combate à pandemia, reunido os 27 governadores, ter chamado os presidentes de poderes, ter chamado até a oposição, hoje ele seria um verdadeiro herói. Não só herói, mas exemplo para a América Latina. Ele perdeu essa oportunidade”, afirmou o ex-presidente.
Polêmica Paraíba