Em conversa com apoiadores no fim da tarde desta terça-feira (24), na porta do Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a população precisa entender como o preço da gasolina e do gás de cozinha são compostos, ao comentar o custo dos produtos, que tem sofrido uma série de aumentos. “A gasolina tá barata, o gás de cozinha tá barato. O pessoal tem que entender a composição do preço. Acabam me culpando por tudo o que acontece no Brasil.”
Ao longo de 2021, a gasolina teve aumento de 51%, e a probabilidade é que os valores dos combustíveis cresçam ainda mais. Entre os fatores que impactam nesse aumento, está o preço do petróleo, que vem subindo sem perspectiva de um aumento significativo de produção que justifique uma queda no preço tão cedo. Outro fator é o câmbio, com o dólar que insiste em ficar no patamar dos R$ 5,30.
De acordo com levantamento da da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço do litro da gasolina comum na bomba de alguns postos de combustíveis já chega ou ultrapassa os R$ 7 em quatro estados: Acre, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins. A diferença de custo entre os estados pode ser creditada ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que varia entre as unidades da federação.
O presidente comentou ainda sobre a geada e a crise hídrica, ao afirmar que o primeiro ano de seu governo foi difícil, o segundo mais difícil ainda, quando chegou a pandemia e, este terceiro, além da continuidade da pandemia, o país passa por uma seca. “Veio uma geada e estamos na maior crise hidrológica dos últimos 91 anos. Nunca se viu uma seca como essa. Parece que estou sendo testado. Os reservatórios foram lá embaixo. Eu fui obrigado a colocar a bandeira vermelha para poder pagar a geração de energia mais cara que tem, que é a de termelétricas.”
De fato, o país está vivendo um grave crise hídrica que afeta a produção de energia e o fornecimento de água. Em São Paulo, por exemplo, o principal reservatório de água para a região metropolitana está em alerta. Segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o volume do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 7 milhões de pessoas por dia, atingiu 38% de volume útil.
Enquanto isso, o Ministério de Minas e Energia (MME) diz que busca “soluções” para “amenizar” os reajustes nas contas de luz em 2022. Atualmente, a tarifa da bandeira vermelha 2, que está em vigor no país, é a mais cara. Desde o começo de julho, o valor foi reajustado em 52%, para R$ 9,49 pelo consumo de 100 kWh. O preço até então era de R$ 6,243.