Na sua data de fundação, 5 de agosto, a capital paraibana ganhou um novo letreiro com o nome de João Pessoa no largo do Busto de Tamandaré, na praia de Tambaú, graças a uma parceria público-privada entre a Prefeitura Municipal e a construtora Marquise.
Publicamente, no entanto, a autoria do presente é creditada à TV Tambaú unicamente pela própria emissora da qual a construtora é concessionária. Já o governo do município não dá qualquer informação sobre a PPP na matéria que publicou sobre a entrega da obra.
O blog questionou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura. Recebeu cópia do termo de doação do novo totem à cidade, acompanhada da ‘justificativa’ segundo a qual o contrato entre as partes não obriga a divulgação de quem fez, bancou e doou o letreiro.
Se não obriga, no documento está objetivamente prevista a divulgação. Prevê porque uma das cláusulas do contrato diz explicitamente que os fatos e atos atinentes à doação podem – e devem, digo eu – ser divulgados nos respectivos materiais publicitários das partes.
Não é irrelevante levantar e repassar ao público tais informações. Notícia sobre uma nova marca da cidade interessa no mínimo a todos que nela residem e sua divulgação – geral, ampla e irrestrita – é imperativo do princípio constitucional da publicidade na administração pública.
Da mesma forma, jornalisticamente também se impõe a informação integral sobre a PPP e tudo o mais que diga respeito ao letreiro. Mas, se tal não ocorre nem ocorreu, temo ser decorrente de um provincianismo ridículo ainda vigente na imprensa paraibana.
Refiro-me ao mau costume da maioria das empresas de comunicação da terrinha de não informar ao seu leitor, ouvinte ou espectador que essa ou aquela matéria, essa ou aquela iniciativa é da lavra do concorrente, em alguns casos tratado como “inimigo da casa”.
Dar publicamente o crédito a quem fez – independentemente de quem fez – o texto, a foto, a produção, a edição etc. é social e eticamente normal na maioria das ‘praças’ com jornais, portais jornalísticos, rádios e canais de tevê que praticam ou tentam o jornalismo.
Na Paraíba, o comportamento é outro, lamentável e atrasadamente outro. Que o diga a Secom municipal, que omitiu o devido crédito muito provavelmente para não ‘constranger’, na concorrência da TV Tambaú, pautas ou notícias sobre o novo adereço turístico da orla.
Possível inferir ainda que a desinformação gerou um lucro de imagem para o prefeito e equipe, ainda hoje vistos pela maioria desinformada como o pai e a mãe da festejada criança que desde o 5 de agosto do ano da graça de 2021 orna o Largo de Tambaú.