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O botijão do gás de cozinha, vendido a R$ 50 durante uma promoção do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), terminou em briga no bairro de Pituaçu, em Salvador, na manhã do sábado (31).

A ação é a quarta realizada este ano, em protesto contra política de preços da Petrobras. Na capital baiana, o preço dos botijões chega a R$ 100 em alguns estabelecimentos. Ainda no início da manhã, duas longas filas se formaram, de moradores querendo comprar o gás com o desconto.

Algumas pessoas chegaram a antecipar o pagamento na sexta-feira (30), para garantir a compra do botijão. Um vale gás foi gerado com essa antecipação.

“A gente foi 5h da manhã, lá na porta, esperar para receber esse papel aqui. A gente pegou esse papel [vale gás] hoje [sábado,31] de manhã. Paguei ontem [sexta,30] de noite”, disse uma moradora que não foi identificada.

No total, seriam 125 botijões vendidos a preço comercial, no entanto, 135 pessoas madrugaram na porta da revendedora, para fazer a compra por ordem de chegada.

Sem gás de cozinha para todo mundo, um homem tentou furar a fila para comprar o botijão. Houve tumulto e dois homens chegaram a se agredir. A Polícia Militar foi acionada para conter a briga.

“Eu sei que todos precisam, mas tem que respeitar a fila. E realmente a pessoa não estava na fila. Eu estava na frente e vi que a pessoa não estava na fila, aí surgiu a confusão”, disse outra moradora, que também não teve identidade divulgada.

O diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, explicou que uma liderança da comunidade ajudou na triagem e identificou 125 moradores em situação de maior vulnerabilidade social. Por isso, o número de botijões disponibilizados para venda promocional acabou não sendo suficiente.

“Tem um grupo de pessoas que teve acesso a essa ação através da imprensa e o segundo grupo foi mobilizado a partir dessa pessoa que nós contatamos anteriormente. Por isso que está tendo essa divergência de grupos diferentes”, explicou Radiovaldo.

A líder comunitária Meire Bacelar esteve no local e opinou sobre a priorização das pessoas para venda dos botijões.

“Nesse momento a gente tem que valorizar as pessoas que não tiveram acesso ao auxílio, que não tiveram acesso às cestas [básicas] do colégio”, argumentou ela.

Depois da confusão, o sindicato resolveu oferecer o subsídio de desconto para todas as pessoas que estavam na fila.

“Tivemos que aumentar a quantidade inicial de 125 para 200 botijões, para tentar com isso alcançar o maior número de pessoas. Agora isso também mostra uma outra coisa: a necessidade que as pessoas estão passando”, avaliou Radiovaldo.

O gás de cozinha sofreu oito aumentos de preço só neste ano, um reajuste médio de 36% de janeiro a julho, levando em consideração os aumentos da Petrobras, das distribuidoras e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Com o preço elevado do gás de cozinha, os representantes das revendedoras tiveram em julho o pior mês de venda dos botijões, desde o início da pandemia.

“As vendas caíram muito, muito. A população não tem mais dinheiro para estar comprando o gás. As pessoas estão reduzindo o consumo do gás, estão economizando mais o gás, cozinhando também com eletricidade, fogão a lenha. Estão tomando outras medidas. O mês de julho foi o pior mês para a gente, a gente não está mais aguentando”, disse uma revendedora

 G1