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Caso se concretize, a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PP pode deixar sem destino um grupo de 20 a 30 parlamentares do PSL. “É um cálculo. Bolsonaro está tentando ir para o PP e abrir caminho com Ciro [Nogueira] para que aceitem ele. Mas se o presidente for para o PP duvido que Ciro deixe entrar uma [Carla] Zambelli. Imagina tirar a vaga de um [Fausto] Pinato para dar para uma Zambelli. O PP não vai aceitar essa tropa e não tem espaço para eles dentro do PSL”, comentou o vice-líder do PSL na Câmara, o deputado Junior Bozzella (SP).

Os deputados federais Fausto Pinato e Carla Zambelli são de São Paulo. Uma vez na mesma legenda, passariam a concorrer diretamente por voto. Nas eleições de 2018, Pinato ficou em 32º lugar enquanto Zambelli ocupou a 57ª posição entre os mais votados do estado.  Outros parlamentares que figuram entre os discípulos de Bolsonaro que podem ficar desabrigados são, por exemplo, Bia Kicis (PSL-DF), Coronel Armando (PSL-SC), Bibo Nunes (PSL-RS), Alê Silva (PSL-MG), Aline Sleutjes (PSL-PR), Filipe Barros (PSL-PR) e Hélio Lopes (PSL-RJ).

A “tropa” que Bozzella define como de “radicais” está, na avaliação dele, emparedada e parte da responsabilidade é do próprio presidente Bolsonaro. “O presidente falou que em março iria decidir o futuro partidário dele e não conseguiu. Estamos quase em agosto. O tempo está correndo e ele não arrumou partido. Em todas as legendas que ele tentou, não teve assento. E esse pessoal vai fazer o quê?”

Bozzella comenta que uma desfiliação em massa é aguardada para os próximos meses. Processo que será acelerado após a declaração do PSL de apoio a uma terceira via. “O PSL em um momento abrigou uma série de pessoas dos estilos mais variados e essa ala ideológica que se elegeu vai seguir o presidente, não adianta. É natural e questão de tempo. Como eles vão se manter numa legenda que tem dado espaço para um candidato da terceira via. Seja com um Datena ou numa aliança com o MDB, o PSL vai ter um projeto paralelo. Eles vão aceitar isso? Não. Estão emparedados”.

Jair Bolsonaro assinou a desfiliação do PSL, sigla pela qual foi eleito, em novembro de 2019 após ser derrotado em uma quebra de braço com o presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE). A briga interna pelo comando da legenda se tornou evidente quando, em outubro daquele ano Bolsonaro pediu a apoiadores que “esquecessem o PSL”. Diante disso, Bivar foi taxativo: “A fala dele foi terminal. Ele está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”.

Bolsonaro, então, tentou criar um partido, o Aliança pelo Brasil. Mas fracassou em conseguir o número mínimo de assinaturas capazes de validar a legenda diante da Justiça Eleitoral a tempo para as eleições de 2022.

Depois vieram negociações com variadas siglas como o Patriotas, o PRTB e o Republicanos. Nenhuma vingou. Pelas regras eleitorais, é necessário que o político esteja filiado à legenda pela qual vai concorrer às eleições até seis meses antes do pleito. “Ele está desesperado porque não tem partido. Aí é um vale tudo. Bolsonaro não está em condições de exigir nada de ninguém. Ninguém quer entregar o seu partido para ele governar, ainda mais agora com essa queda de popularidade, com as denúncias CPI e tudo mais”, comentou Bozzella.

E o PTB?

Para o deputado Junior Bozzella, o PTB pode ser um caminho para a maioria da “tropa” bolsonarista que persiste no PSL. Ele, porém, descarta completamente uma filiação de Bolsonaro ao partido de Roberto Jefferson. “Tem o partido de Roberto Jefferson, né? Mas entre o Jefferson e o Ciro, com certeza Bolsonaro vai para o Ciro que é mais racional. Conhecendo a personalidade do Bob e a personalidade de Bolsonaro, eles dois juntos, em um partido, iam se matar.”

Bolsonaro esteve filiado ao PP por aproximadamente dez anos, durante o tempo em que foi deputado federal.  Já a ida dele para o PSL após um acordo com Bivar firmando em janeiro de 2018. Na ocasião, o movimento Livres, composto por um grupo de filiados liberais que conduzia uma reformulação da legenda anunciou a saída do partido. Dentre eles estava o filho de Bivar, Sérgio Bivar. Na ocasião, Sérgio chegou a divulgar uma nota na qual define Bolsonaro como “um candidato antissistema, carismático, com ares messiânicos de justiceiro, dotado de uma visão estatista e autoritária, que surfa na demagogia”.

Nesta quarta (21), Jair Bolsonaro anunciou que faria mudanças nos Ministérios e o nome de Ciro Nogueira foi confirmado para a Casa Civil. Ciro é presidente do PP.

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