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A última decisão do Congresso Nacional antes do recesso parlamentar vem causando atritos e gerando revoltas. Ainda repercute a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022. E o grande debate é causado devido ao valor destinado para o fundo eleitoral, o chamado Fundão. O presidente Jair Bolsonaro já afirmou que irá vetar o aumento para R$ 5,7 bilhões. Com a viagem do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Marcelo Ramos, vice-presidente e deputado do PL, foi responsabilizado pelo presidente como comandante do valor que considerou “absurdo”. Após as declarações, Marcelo Ramos não deixou barato e foi as redes sociais contra o presidente.

Ramos responsabilizou Bolsonaro pelas mortes e pela má condução da pandemia. O deputado do PL criticou ainda o também deputado federal Eduardo Bolsonaro e citou que toda a base aliada do presidente votou a favor do Fundão Eleitoral e agora, num tom de moralismo barato, tentam mostrar a população que se posicionaram contra. O detalhe é que o PL faz parte da base aliada de Bolsonaro.

O presidente do partido na Paraíba, Wellington Roberto tratou de colocar panos quentes na rivalidade. Na semana passada, W. Roberto afirmou que o PL vai estar ao lado de Bolsonaro nas eleições de 2022, mas o tom de Marcelo Ramos mostra alguém não terá espaço no palanque. Em entrevista ao repórter Samuel de Brito, ele comentou o atrito entre o vice-presidente da Câmara e o presidente Bolsonaro.

“Vamos administrar essa situação, até porque Marcelo Ramos está conduzindo os trabalhos. Na ausência do Lira, o vice-presidente assume. Se Marcelo Ramos não pudesse assumir, o primeiro secretário ou segundo vice-presidente, quem quer que estivesse ali disponível iria assumir a coordenação desses trabalhos da LDO”, disse Wellington Roberto, eximindo a suposta responsabilidade de Ramos.

A tensão entre os dois chegou ao ponto de Marcelo Ramos, hoje presidindo a Câmara, pedir acesso aos processos que visam abertura de impeachment contra Bolsonaro. Ele afirmou que alguns desses pedidos “parecem bem consistentes”. No entanto, é improvável que Ramos queira dar sequência a algum, pois, no retorno de Lira, ele poderia engavetar novamente e frustrar Ramos.

O deputado paraibano votou a favor do texto, ele defendeu o fundo no valor de R$5,7 bilhões e citou que o TSE gasta mais durante o processo eleitoral: “Houve um acordo entre vários partidos, inclusive da oposição, com exceção do partido Novo, quanto ao Orçamento. Alguns segmentos não divulgam que o TSE tem, para sustentar uma campanha eleitoral, um orçamento que é 5 vezes mais do que o que foi feito pelo Parlamento nas outras eleições, isso precisa ser dito a sociedade. Agora ficar xingando o Parlamento, colocando contra a sociedade, isso que está errado. Tem que levar a verdade ao povo brasileiro. Ninguém toca no orçamento do TSE, que é de 10 bilhões de reais”, defendeu W. Roberto.

“Agora como o TSE recebe todo ano 10 bilhões e o Parlamento tem que fazer com 2 bilhões? Vamos ser justos, vamos analisar as coisas para que a população possa ser esclarecida”, completou o presidente do PL na Paraíba. Ele também se colocou a favor do retorno do financiamento privado, desde que haja fiscalização. “A volta do financiamento privado, com fiscalização, pode ser feito. Tudo pode se ter controle”, disse W. Roberto.

Ida de Bolsonaro ao PL?

Uma das lideranças do partido, Wellington Roberto é tido como um articulador nos bastidores e foi um dos responsáveis pela eleição de Arthur Lira na Câmara. E falando em articulação, ele comentou as declarações recentes do senador Flávio Bolsonaro sobre o destino do pai. Segundo ele, uma das siglas em diálogo é exatamente o PL. Para o deputado paraibano, o partido está aberto a recebê-lo, mas tem que haver diálogo.

“Dentro dos partidos da base, ele [Bolsonaro] tem receptividade. Agora cabe a conversa e a negociação com os presidentes dos partidos que prometem apoio ao Governo. E, logicamente, nesse compartilhamento vai ver quem tem compromisso. Já tem compromisso com Wellington Roberto na Paraíba, tem que ver no Rio de Janeiro, São Paulo, então isso tem que ser posto dentro da negociação”, finalizou o deputado.

Polêmica Paraíba