A juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho, responsável pelo Segundo Tribunal do Júri de João Pessoa, proferiu sentença absolvendo sumariamente Marvin Henriques Correia, paraibano acusado de homicídio qualificado.
Caso de grande repercussão nacional e internacional, o autor do crime, Patrick François, brasileiro preso na Espanha após matar seu tio, tia e dois primos (crianças de três anos e um ano de idade), foi condenado a prisão perpétua na Espanha. O Ministério Público acusa Marvin Henriques de ter incentivado e dado dicas a Patrick para matar o tio, Marcos Nogueira, última vítima da chacina ocorrida em Pioz, na Espanha, em 2016. Segundo a investigação, Marvin e Patrick conversaram por WhatsApp no momento do crime.
A Justiça, após análise da peça da defesa, entendeu não haver participação do acusado no homicídio e nem que o mesmo tenha praticado nenhum crime tipificado no Código Penal Brasileiro decidindo assim pela absolvição sumária do acusado. Ao ser ouvida, a advogada de defesa, Raylla Asfóra, comentou: “Sempre defendemos que a conduta de Marvin era moralmente reprovável mas jamais poderia ser julgada como criminosa”.
Marvin chegou a ficar um ano preso, depois teve a prisão preventiva revogada, mediante cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.
Relembre a participação de Marvin:
Detalhes da conversa via WhatsApp entre François Patrick Gouveia e Marvin Henriques Correia, revelam o desprezo de Patrick pelas vítimas. Em um dos trechos, após esquartejar Janaína Américo e as duas crianças de 1 e 3 anos, Patrick comenta com Marvin que “para abrir alguém no meio dá trabalho demais”. Ao que Marvin responde “eu imagino, deve ser duro”.
No conteúdo, Patrick relata com detalhes como matou a tia e dois primos. Marvin pergunta qual das três vítimas ele matou primeiro e Patrick responde que “na mulher, depois a mais velha [a prima de três anos] e depois no moleque de um ano”.
Com frieza, Patrick Gouveia conta que cortou a garganta de Janaína e que seus primos ficaram gritando nesse momento. “As crianças ficaram gritando. Massa que os pirralhos nem correm, só ficam ‘travadão’. O pirralho de um ano falava algumas coisas, mas na hora falava nada, não”, detalhou Patrick.
Durante a conversa, Marvin se mostra compreensivo com o amigo e chega a dar dicas, como o fato de Patrick tentar enterrar os corpos e na forma de abandonar o casa onde a família foi assassinada. “Sai pela frente mesmo, de manhã, como se fosse caminhar ou algo do tipo. Sei lá. De madrugada pode parecer suspeito. Mas eles não vão descobrir nem tão cedo as mortes”, comentou Marvin.
De João Pessoa, por meio do aplicativo de mensagens, Marvin alerta Patrick em não deixar rastros na cena do crime. “Ajeita essas luvas direito. Deixa eu ver aqui o que mais [tem a ser feito]. Tem alguma coisa por aí? Ou alguma coisa que ligue a você?”, após a resposta negativa de Patrick, amigo acusado de participação no crime de Marcos Campos Nogueira responde:
“Beleza. Então está tranquilo, mas tem que ficar pensando minuciosamente, para não dar merda”, conclui Marvin. Em um outro momento, enquanto espera o Marcos retornar do trabalho, após matar a tia e os primos, esquartejá-los e limpar o local dos assassinatos, Patrick comenta que achou que fosse vomitar, mas que não sentiu nojo e chegou até a rir no início do esquartejamento e, por fim, a ter raiva pelo esforço de esquartejar as vítimas.
O assassino confesso explica que precisou cortar os corpos ao meio e separar os órgãos em outras sacolas. Por fim, após isolar em sacos plásticos, isolou as partes com fita adesiva, para que o odor demorasse a espalhar. “A mulher e as duas crianças foram para o saco. Estão guardados e a casa está limpa, me limpei. Estou só esperando o quarto integrante”, comentou Patrick a Marvin.
No depoimento a polícia, Patrick Gouveia afirmou que o amigo não sabia do plano de assassinar a família. “É como se fosse um irmão mais novo. Ele é muito bom. Sua mãe era psiquiatra e me ajudou muito. Somos inseparáveis”, afirmou.
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