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Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional, afirmou que se medidas eficientes de distanciamento e controle da transmissão, e de vigilância epidemiológica de saúde tivessem sido adotadas, haveria redução de 40% no potencial de transmissão do vírus.

“A gente poderia, ainda no primeiro ano de história da pandemia, nas 52 primeiras semanas epidemiológicas, ter salvo 120 mil vidas”, disse. “Não são números, são pais, mães, irmãos, sobrinhos, são tios, vizinhos, gente que eu não conheço, mas habitam esse país como eu.”

“A gente poderia ter salvo pessoas se uma política efetiva de controle, baseada em ações não farmacológicas tivesse sido implementada”, complementou.

Ela destacou ainda que o risco de morte não foi o mesmo para toda a população brasileira.

“As inequidades fizeram diferença. Com base em dados da Pnad-Covid sobre testagem no primeiro ano da pandemia, concluímos que menos de 14% da população brasileira fez testes de diagnóstico para a Covid-19”, afirmou. “Isso mostra que o país não estava buscando medidas básicas para garantir o controle da transmissão.”

Jurema também destacou que pessoas com renda superior a quatro salários mínimos consumiram quatro vezes mais testes do que pessoas que receberam menos de meio salário mínimo e que a maioria das pessoas que morreram eram negras, indígenas, de baixa renda e baixa escolaridade.

Atraso na compra de vacinas causou ao menos 95,5 mil mortes, diz epidemiologista

Hallal também apresentou estimativas feitas por ele e por outros pesquisadores sobre os possíveis impactos que a demora do Brasil na aquisição de vacinas contra Covid-19 causaram em relação aos mortos pela doença no país.

“Fizemos uma análise que estimou, especificamente, que o atraso na compra das vacinas da Pfzier e da Coronavac, resultou em 95,5 mil mortes”, disse o epidemiologista.

Ele afirmou ainda que outros pesquisadores, usando um método mais robusto de pesquisa – com análise de dados do ritmo da campanha de vacinação – estimaram 145 mil mortos “pela falta de aquisição de vacina tempestivamente pelo governo federal”.

Desta forma, ele concluiu afirmando que o Brasil “é um dos piores países do mundo na resposta à Covid-19 (..) Não há outra justificativa que não a postura anti-ciência adotada no país”.

CNN