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Depois que assumiu a pasta e prestou depoimento por duas vezes na CPI da Pandemia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem concedido entrevista com frequência. Mas nessa quarta-feira (23), ele não quis responder a perguntas mais incômodas e encerrou entrevista no Palácio do Planalto depois de ser perguntado sobre a intenção do governo de comprar a vacina Covaxin, fabricada pela Bharat Biotech. As informações são do Poder360.

O Governo Federal foi informado em agosto de 2020 que a fabricante estimava preço de 100 rúpias por dose (cerca de US$ 1,34). A informação consta em documento obtido pelo O Estado de São Paulo. Em fevereiro de 2021, o Ministério da Saúde comprou 20 milhões de unidades da vacina por US$ 15 a dose, preço 1.019% superior. A informação foi divulgada na terça-feira (22). Em reais, a Bharat cobraria por volta de R$ 7,31 a dose, pela média da cotação de agosto (quando o valor foi divulgado). O governo federal pagou R$ 80,70 (cotação de fevereiro, quando o contrato foi assinado).

A mídia local indica que o governo indiano pagou entre 206 e 295 rúpias por dose. Pela cotação de março, isso equivale a faixa de R$ 15,70 a R$ 23,15. O Ministério da Saúde pagou pelo menos 249,6% mais caro que a Índia, considerando esses valores.

Nesta quarta-feira, Queiroga afirmou a jornalistas que o Ministério da Saúde “não comprou sequer uma dose da vacina Covaxin” e se irritou quando um jornalista insistiu sobre o tema.

“Todas as vacinas que têm registro definitivo da Anvisa o ministério considera para aquisições. Então esperamos esse tipo de posicionamento para tomar uma posição acerca não só dessa vacina, mas de qualquer outra vacina que obtenha registro emergencial out definitivo, porque já temos hoje numero de doses de vacinas contratadas acima de 630 milhões, e o governo federal tem feito campanha acelerar. em setembro teremos todos os brasileiros acima de 18 vacinada com a 1ª dose e até o final do ano a população brasileira”, disse o ministro.

O repórter perguntou se o Governo compraria a vacina com o preço acima da média. Queiroga respondeu: “Eu falei em que idioma? Falei em português. Então, não foi comprada uma dose sequer da vacina Covaxin nem da Sputnik. Futuro é futuro”.

Logo depois, o ministro abandou a entrevista sem despedidas.

O que diz o Ministério da Saúde

Embora o contrato tenha sido assinado, o Ministério da Saúde ainda não pagou à Precisa Medicamentos. Afirma que o pagamento só é realizado depois da entrega das doses. Todas as doses deveriam ter sido entregues até o final de maio. Mas nenhuma remessa chegou ao Brasil ainda. De acordo com a CNN, a Precisa Medicamentos aguarda uma licença da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para importar as primeiras 4 milhões de doses.

A agência autorizou a importação do quantitativo em 4 de junho, mas só pode deferir a licença de importação depois que o Ministério da Saúde assinar um termo de compromisso, comprometendo-se a cumprir as condições exigidas pela Anvisa.

O Poder360 voltou a questionar o Ministério da Saúde sobre o preço pago pela Covaxin, bem como sobre a necessidade do contrato ser intermediado pela Precisa Medicamentos. A pasta encaminhou a seguinte nota:

“O Ministério da Saúde informa que mantém diálogo com todos os laboratórios que produzem vacinas Covid-19 disponíveis no mercado. No entanto, só distribui aos Estados imunizantes aprovados pela Anvisa, que avalia rigorosamente a documentação dos fabricantes. É importante ressaltar ainda que, até o momento, o Ministério não realizou a compra da vacina Covaxin e não fez qualquer pagamento ao laboratório”.

Poder360