Em seu discurso final na Cúpula do Clima nesta sexta (23), o presidente americano, Joe Biden, classificou como “notícias encorajadoras” os anúncios feitos por Jair Bolsonaro (sem partido) durante o encontro virtual, nesta quinta (22).
O líder brasileiro anunciou mais recursos para a fiscalização ambiental, antecipou em dez anos a neutralidade climática do país e reafirmou o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal até 2030 —meta que já constava do Acordo de Paris, assinado em 2015.
Biden citou o Brasil depois de celebrar metas específicas firmadas por Japão, Canadá e União Europeia, que se uniram aos EUA com novos objetivos de redução na próxima década.
“Também ouvimos notícias encorajadoras nos anúncios de Argentina, Brasil, África do Sul e Coreia do Sul”, disse o presidente americano.Integrantes do Departamento de Estado afirmaram, horas depois do discurso de Bolsonaro, que o brasileiro tinha adotado um tom positivo e construtivo em seu discurso, mas ponderaram que a credibilidade dos EUA sobre o Brasil se apoiaria em planos sólidos, mantendo o que chamaram de foco implacável em resultados.
Pouco antes, Biden já tinha feito um discurso de conclusão da Cúpula no qual disse ter visto “grande progresso” nos debates sobre mudanças climáticas e celebrou o discurso do líder russo —e seu antagonista político—, Vladimir Putin, que quer atingir a neutralidade em carbono em seu país até 2050.
Como anfitrião do encontro virtual que reuniu 40 líderes mundiais, Biden tenta estimular os demais países a apresentarem metas mais ambiciosas sobre a redução das emissões de gases do efeito-estufa para frear o aquecimento global em 1,5 °C, mas enfrenta obstáculos, uma vez que grandes economias, como China e Índia, não quiseram se comprometer com números mais contundentes para a próxima década.
“Fizemos grande progresso até agora, na minha opinião. Sou grato a todos os líderes que anunciaram novos compromissos para nos ajudar a enfrentar a ameaça das mudanças climáticas”, disse o presidente americano. “Também estamos muito animados com o apelo do presidente Putin ontem [quinta] para que o mundo colabore na remoção avançada de dióxido de carbono, e os EUA estão ansiosos para trabalhar com a Rússia e outros países nesse esforço. É uma grande promessa.”
O presidente americano quis fazer do último dia da cúpula uma maneira de detalhar o plano para cumprir sua ambiciosa promessa de cortar pela metade as emissões nos EUA até 2030. O novo compromisso foi oficializado por Biden na abertura do encontro virtual, na tentativa de liderar o debate e estimular as demais potências a anúncios mais contundentes no caminho de zerar as emissões até 2050.
Mas o democrata sabia que tinha o desafio de explicar como fazê-lo, já que especificar o plano é uma das demandas de seu governo nas conversas com outros países, inclusive o Brasil. Biden tentou mostrar que, após estabelecer grandes objetivos para o corte de emissões de poluentes, é preciso mudanças na cadeia de produção, com investimentos público e privado e criação de empregos ancorados em energia limpa.
UOL